sábado, 10 de abril de 2010

OS DESAFIOS DO BOM POLÍTICO



Nem o Mestre Jesus aceitou a qualificação de bom, nos assegurando que só Deus é bom (Mt. 19,16). Como poderemos, então, fazer associação entre o adjetivo bom e a “indigna” figura do político?

Se não existem homens e mulheres puros na Terra, existem, pelo menos, homens e mulheres de bem, que são aqueles cumpridores dos seus deveres, amorosos e justos, que têm fé em Deus e no futuro, são tolerantes e humildes, agem moderadamente e preocupam-se com o bem comum, dentre outras qualidades.

Uma pessoa de bem, mesmo que raramente encontrada, pode ter interesse pela política? Deveria, pois a política estatal possibilita organizar e administrar as instituições públicas, sendo um instrumento importante para a condução ao bem-estar comum. No entanto, para uma pessoa de bem, a política pode ser muito mais difícil, surgindo a necessidade de enfrentar alguns desafios.

1.DESCONFIANÇA DA MAIORIA – Meu sogro costuma dizer que perde a confiança em uma pessoa no momento em que esta “entra” na política. Por melhor intencionado que seja o indivíduo, irá enfrentar olhares e gestos de descrença, pois a grande maioria tem a certeza de que todo político rouba, mesmo que não o faça nem deixe fazer. Aceitar ser fiscalizado e investigado constantemente é um sacrifício necessário para alcançar a confiança coletiva em uma função pública.

2.SINCERIDADE e COERÊNCIA – Os políticos tradicionais dizem o que as pessoas querem ouvir (gerar polêmicas não dá voto), enquanto um bom político deve falar o que as pessoas precisam ouvir, colocando-se como condutor de transformações, não só pelo que fala, mas, principalmente, através do seu próprio exemplo de comportamento. Observemos que os políticos menos sérios fogem dos debates, para que depois não sejam cobrados pelo que disseram.

3.INDULGÊNCIA E TOLERÂNCIA – O nosso mundo não é habitado por seres perfeitos. Frequentemente um político asqueroso e repulsivo irá se aproximar do bom político para acordos, pois também aqueles têm poder de negociação. Dentro das “regras do jogo” o bom político deve barganhar, sem, no entanto, aceitar ou permitir práticas inescrupulosas. Este deverá lembrar de Jesus junto aos publicanos (rejeitados pela maioria). Mesmo sentado à sua mesa, não compartilhava de suas idéias, pelo contrário, estimulava-lhes uma mudança de conduta, de modo respeitoso e amistoso. Tolerar e conviver com os infelizes interesseiros não quer dizer comungar com suas idéias e práticas. Se Jesus os aceitava em sua companhia, quem somos nós para não tratá-los como irmãos, mesmo que doentes e necessitados de esclarecimento espiritual?

4.DESAPEGO AO PODER – A capacidade de interferir, de determinar, de organizar a vida social, a exibição do nome e da imagem, o modo de tratamento diferenciado, a distinção social podem gerar um profundo apego ao poder que um cargo oferece. O orgulho e a vaidade têm que estar sob constante vigilância para que o interesse pessoal não suplante o interesse coletivo.

5.AUDÁCIA E HABILIDADE – Atuar com fé em Deus e no futuro e agir de modo determinado, sem prescindir do bom-senso. Ousar contribuir para mudar o que há de errado, envolver os demais com seus gestos e palavras, enfrentando os riscos da rejeição e impopularidade imediatos, mas que devam trazer bem-estar coletivo futuro. Tudo isso, no entanto, fica menos difícil quando há preparo e qualificação, além da experiência de vida ou profissional que dê segurança para o político agir em cada situação.

Esta não é a enumeração de todos os desafios do bom político, mas aqueles que se esforçarem em enfrentá-los poderão contribuir de maneira expressiva para a melhoria de nossa sociedade.

TALVEZ O PRINCIPAL DESAFIO DE UM BOM POLÍTICO SEJA O DE SUPERAR A IMAGEM RUIM QUE SE FEZ DO POLÍTICO EM GERAL, COMO PODEMOS VER NAS GRAVURAS ABAIXO.





4 comentários:

  1. Ola, Galeno.
    Tenho acompanhado todos os teus post no blog Espiritismo e Politica. O trabalho está muito bom. Parabens.

    Queria estender o papel do "bom político" para os servidores públicos.
    Apesar de nao sermos, via de regra, os genitores das políticas públicas, muitos de nós somos os seus executores e devemos agir e pensar como o "bom político" que descreveu, para atingirmos o nosso principal objetivo: servir.

    paz e luz
    t+

    Adelquis Monteiro

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  2. Caro Adelquis.

    Que grande alegria receber suas visitas aqui no blog.
    Sua contribuição é de grande relevância, pois assim como os políticos, os servidores ocupam uma função pública. Enquanto aqueles são escolhidos para exercer temporariamente uma função, estes são selecionados de acordo com o seu mérito. Se não abraçarem essa função com responsabilidade, o objetivo de alcançar o bem comum, sua função maior, será comprometida.
    Aproveito, ainda, para estender essa responsabilidade para os ocupantes de cargos comissionados, que deveriam ser escolhidos de acordo com sua competência e comprometimento, não para acomodar aliados.

    Muito obrigado, seja sempre muito bem vindo.
    Grande abraço.

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  3. Simone S Melo.


    Parabéns!!!Galeno pelo belo trabalho.

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  4. Muito importante para a coerência espírita que é uma Doutrina de Fé e razão, que seus seguidores conscientes começem a ocupar os espaços políticos. Não porque o espírita é melhor do que os outros, porém é o que tem acesso ao conhecimento da Lei de retorno, que sabe que nosso planeta precisa tornar-se de REGENERAÇÃO e somos todos responsáveis pela melhoria de vida da população e isso inclui assumir mandatos políticos.
    Quem teme a política talvez não se sinta imune as tentações por isso não se permite testar politicamente e prefere colocar a política como coisa ruim e suja. Se é assim, que tal ajudarmos a limpar?!

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Sua contribuição será muito bem vinda. Obrigado por participar. Que o Mestre Jesus nos ilumine.