sábado, 12 de junho de 2010

NEGOCIAÇÕES E NEGOCIATAS


A política é a arte da negociação, onde se usa o poder de persuasão para fazer prevalecer uma conduta. Negociar é algo legítimo e necessário na política, onde deveríamos esperar o mínimo de bom-senso e ponderação das partes envolvidas, para que o resultado seja o melhor possível. Exige esforço, perspicácia, conhecimento, paciência e sabedoria para se alcançar o bem comum.

A política brasileira, no entanto, é pródiga em negociatas, onde se busca o proveito individual ou grupal, em detrimento do interesse coletivo. Daí surgem os conchavos, os esquemas, as tramóias, as maracutáias e barganhas, onde o que mais vale é conseguir o máximo de vantagem possível, com a ampliação do patrimônio material e o reforço dos recursos financeiros.

Muito dinheiro circula em consequência destas negociatas, movido pelo que há de pior no ser humano: inveja, maledicência, insensatez, cinismo, traição, vaidade e ganância, o que nos faz lembrar o alerta de Jesus: “guardai-vos de toda ganância, pois em qualquer abundância que o homem esteja, sua vida não depende dos bens que ele possua” (Lc, XII, 15).

Todos têm seu preço nas negociações políticas, porém este nem sempre precisa ser medido em dinheiro. O que se pretende trocar pelo voto ou apoio pode ter o valor da consciência tranqüila: trabalho, compromisso, responsabilidade, dedicação, compaixão e honestidade. Estas virtudes não são muito comuns na atual conjuntura brasileira, tanto que, se Diógenes de Sínope continuasse com sua lanterna à procura de uma pessoa com tais qualidades, sentiria dificuldade de encontrá-la, mesmo centenas de anos após sua encarnação na Grécia.

Lamentar a falta de honestidade nas negociações políticas chega a ser constrangedor. As pessoas riem e debocham de quem demonstra uma sincera indignação, tanto que continuam atuais as palavras de Rui Barbosa, proferidas em 1914: “(...)de tanto ver crescer a injustiça (...) o homem chega a ter vergonha de ser honesto”.

Aqueles que têm fé no futuro, no amor e no bem não podem deixar o desânimo dominar suas mentes, por mais difícil que isto seja. A mensagem do Evangelho faz recordar de Zaqueu, que se aproveitou, gananciosamente, de sua posição de destaque, prejudicando os demais. No entanto, ao ser defrontado com a meiguice de Jesus, descobriu os valores imperecíveis da Boa Nova e passou a investir para conquistá-los. Algum dia esta transformação irá acontecer no nosso meio político e as negociações ocorrerão distantes do lamaçal da ganância, “porque o Filho do homem veio para procurar e para salvar o que estava perdido” (Lc, XIX, 10).

2 comentários:

  1. Pois é, quando a gente vê nosso presidente falar que se necessário fosse Jesus faria um pacto com JUDAS, imagine o nívél em que anda as negociações políticas em nosso País.

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  2. Como responsável pelo blog, considero que não devo citar nomes nem partidos, no entanto, os comentários são livres e sem censura, para que todos os que se interessem, possam dar sua contribuição.
    De qualquer modo, precisamos ficar atentos na tarefa de avaliar os indivíduos que desejam nos representar, para não comprarmos "gato por lebre".

    Grande abraço e obrigado pela participação Ribamar.

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Sua contribuição será muito bem vinda. Obrigado por participar. Que o Mestre Jesus nos ilumine.