quinta-feira, 3 de junho de 2010
MOVIMENTO ESPÍRITA E DEMOCRACIA
O entendimento acerca da democracia evoluiu muito ao longo da história humana, porém, uma das partes fundamentais do seu conceito prevalece e se refere à liberdade de conduta e de decisão do indivíduo, ao mesmo tempo em que se respeita o livre arbítrio dos demais componentes do grupo social. Esta postura se adéqua à compreensão espírita da liberdade como uma lei moral natural, que se caracteriza pela livre escolha que possuímos para decidir os vários aspectos de nossas vidas, limitada à responsabilidade que temos pelo bem estar do próximo.
A compreensão da Lei de Liberdade favorece a democracia no meio espírita, cujas instituições costumam ser respeitosas quanto às diferenças e possibilitam a ampla participação dos interessados no desenvolvimento de suas atividades. As casas espíritas costumam ser ambientes onde se estimula a responsabilidade individual, onde não há hierarquia e ainda se valoriza alguém pela sua sabedoria e moralidade, independente de origem social ou classe econômica. Em um ambiente assim é difícil a ocorrência de imposições arbitrárias e antidemocráticas de um indivíduo sobre os demais.
No entanto, o que vemos em muitas instituições espíritas são fortes práticas autoritárias, como na figura dos “donos” de centros espíritas, que impedem eleições internas porque “doaram” o terreno, pagaram pela construção da sede ou algo semelhante. Vemos ainda os médiuns vaidosos, os quais se colocam como o foco das decisões. Nada pode ser feito sem consultá-los, pois através deles os “guias” da casa se manifestam. Encontramos também os pretensos “mentores espirituais”, cujo dirigismo controla cada ação do grupo. Em muitos lugares não se muda uma cadeira de lugar sem antes perguntar ao tal “mentor”.
Além disso, ainda temos muitos companheiros de ideal que se afastam dos centros e do movimento espírita porque não têm as suas ideais aceitas. Dão a entender que em outras encarnações usavam da força para fazer prevalecer suas vontades. Não encontrando condições para promover imposições e recusando ser minoria, abandonam a tarefa sem perceber que o importante é se colocar à disposição do serviço, mesmo que suas propostas não sejam aceitas pela maioria do grupo. Deveriam saber que enquanto trabalham e esperam, a verdade encontra meios para se consolidar e que a deserção da tarefa não favorece a ninguém, nem a eles mesmos.
As instituições espíritas participativas, tolerantes e plurais se tornam importantes escolas para muitos aspectos da vida, inclusive por possibilitar um proveitoso exercício de democracia para que os seus membros saibam se conduzir de forma ativa e respeitosa no meio coletivo. Os participantes destes grupos são estimulados a contribuir, responsavelmente, junto às organizações sociais e, como não poderia deixar de ser, no processo de escolha e fiscalização dos dirigentes políticos.
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Concordo em tudo e mais.
ResponderExcluirCaro Nelson,
ResponderExcluirObrigado por participar do debate. Seja sempre bem vindo, inclusive quando discordar.
Um abraço.
Essa questão da democracia intra muros do movimento é importantatissima. Assim, concordo plenamente com o último parágrafo. No centro ao qual sou associado promovemos uma ampla reforma do estatuto visando o alinhamento doutrinário do centro com a doutrina. Isto é, reconhecemos que a maneira como o centro estava organizado não correspondia aos altos ideias educacionais e, portanto, democraticos da Doutrina. Entre muuitos temas tratados nessa reforma, cuja diretriz baseou-se numa democracia participativa, destacamos:
ResponderExcluir1) Separação entre as funções diretivas estratégicas: criamos um conselho diretor que se encarrega de estabelcer as diretrizes de longo prazo com participação direta de todos os associados. A diretoria executiva continua representando a instituição mas deve se adequar a essas diretrizes emanadas da assembleia por intermédio do conselho diretor; e simultaneamente cuidar das tarefas de curto e médio prazo.
2) as assembleias passaram a ser apenas deliberativas. A discussão dos assuntos são discutas em reuniões preparatórias para que todos votem conhecendo o que vão decidir.
3)Diretrizes estabelecidas pelo Conselho Diretor ou pela diretoria poderão ser referendadas pela assembleia geral.
4) Os mandatários estão sujeitos a destituiçõa individual ou coletiva se não cumprirem o que o estatuto e o regimento interno determinam. Assim, estabelecemos a responsabilidade, tendo em vista que muita gente quer os cargos mas apenas para nada fazer ou excluir algum desafeto da possibilidade de comandar.
Existem outros pontos ainda.