sábado, 1 de maio de 2010

JESUS E A QUESTÃO DOS PRIVILÉGIOS



Quem conhece e convive no ambiente político sabe que o pensamento mais comum no meio ainda é o de buscar “se dar bem”, ou seja, conseguir todos os tipos de vantagens e privilégios para si, seus familiares, amigos e aliados, indiferentes ao interesse coletivo. A partir desta constatação podemos perceber o quão distante ainda estamos de aplicar os conceitos cristãos na sua plenitude, que, como decorrência da lei de justiça, amor e caridade, rejeitam qualquer tipo de privilégio.

Jesus deixou claro que toda posição de destaque, longe de constituir um privilégio, é uma grande responsabilidade, para que seja alcançado o bem comum, como vemos em Mt, XX,26: “quem quiser ser o maior, seja servidor”. Aquela lição foi ministrada quando a mãe dos apóstolos João e Tiago pediu privilégios, no Reino dos Céus, para seus filhos. Diante daquele pedido, Jesus esclareceu que a posição de cada um é resultado do mérito pessoal, evidenciado na capacidade de se doar ao semelhante, sacrificando-se, de algum modo, em proveito do próximo.

Mas, talvez a lição mais emblemática do Mestre, que mostra a incompatibilidade de privilégios com a Lei de Deus, está na passagem em que Jesus falava ao povo e os seus familiares vieram ao seu encontro, quando alguém disse: tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem falar-te, ao que ele responde: quem é minha mãe e meus irmãos? E complementa: todos os que fazem a vontade do Pai celeste são minha mãe e meus irmãos (Mt. XII, 46 a 49).

O acesso ao Mestre não dependia de laços consangüíneos, mas de afinidade com os ideais do Evangelho. Não importava tanto a ligação genética, mas a ligação moral era e é fundamental. A compreensão daquela lição pode ser entendida,ainda, como um manifesto contra privilégios, como o nepotismo e a concessão de vantagens indevidas a grupos ou pessoas. O Mestre nos mostra que não devemos cuidar, apenas, de nossos familiares e amigos, mas de toda a família humana, no limite do nosso alcance.

Isso não quer dizer que as pessoas da família de Jesus não tinham compromisso com os seus ideais, pois, como sabemos, Maria, a sua mãe, expressava a ternura e a meiguice ensinadas pelo seu filho. O fato de ser familiar não lhe trouxe privilégios injustos. O destaque de Maria na história terrena não está no fato de ser parente de Jesus, mas no seu compromisso pessoal de vivenciar a Lei de Deus.

Diante disso, podemos conceber que um parente ou um amigo de um político tenham condições de assumir uma posição de destaque pela sua capacidade, responsabilidade, competência e interesse pelo bem comum. No entanto, como esta conduta é algo bastante raro, bem fez a justiça brasileira ao proibir o nepotismo, para tentar evitar vantagens indevidas e concentração de poder excessiva, fato incompatível com a democracia e com a lei de amor.



ATENÇÃO, ATENÇÃO: O prazo para alistamento ou transferência de título de eleitor vai até quarta-feira (05 de maio). Cuidado para não perder a oportunidade de participar da maior eleição da história do país e, dessa forma, contribuir para tornar o Brasil um lugar melhor.

3 comentários:

  1. No Brasil se aprende política? existe (uma)política espírita? Como conciliar uma ideologia política partidária com a ideologia espírita? Existe imparcialidade política, esses são alguns dos temas que gostaria de ler algo.

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  2. Caro Ribamar,

    Acredito que duas questões que você apresentou já foram tratadas em uma postagem de fevereiro chamada PARTIDO POLÍTICO ESPÍRITA, mas é claro que existe muito espaço para outras reflexões.
    Quanto ao fato de aprender política e a questão da imparcialidade, poderemos tratar do tema.
    Obrigado pelas sugestões.
    Abraços.

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  3. Se me permitem comentários, gostaria de fazer algumas observações.

    Ney lobo escreveu algumas obras que sem dúvida se tornarão clássicas. Entre eles temos "Filosofia Política Espírita" e "Filosofia social Espírita". Essas obras tratam do posicionamenbto doutrinário diante dos problemas do mundo e das sociedades.

    Uma doutrina que não trate destas questões é uma doutrina alienante, o que definitivamente o Espiritismo não é.

    Kardec havia dito varias vezes que o espiritismo toca todos os problemas da humanidade, então é claro que a política está inclusa.

    Entre os objetos de estudo da politica está o poder. Ora, o poder é fenomeno presente em toda e qualquer sociedade porque faz parte da natureza humana.

    Segundo o Espiritismo o poder surge devido as desigualdade das posições e condições sociais, no plano puramente material; e da desigualdade de niveis evolutivos entre os espíritos encarnados, no plano espiritual.

    Quando Kardec questiona os espíritos sobre quem seria o responsável pela desigualdade das condições sociais, leia-se aqui, a miséria, os espiritos respondem que o próprio homem é o responsavel e não Deus, como supõem alguns.

    Da mesma forma, ao abordar o tema do egoismo o mestre afirma que para destruir essa vicio humano que é raiz de muitos outros seria necessário mudar a educação e transformar as INSTITUIÇÕES. Podemos incluir aqui as insituições políticas. Como as insituições da da atualidade tem como base o egoismo, que gera a competição, a concentração de todos os tipos, a esclusão social, logo temos que colocar como base a caridade, para gerar a colaboração, a inclusão, a desconcentração da renda, do poder, do saber, etc, etc.

    A pergunta que não quer calar é essa: como realizar todas essas transformações sem posicionamentos políticos claros?

    Será apenas através do discurso repetitivo e muitas vezes vazios, em alguns casos até alienantes, que realizamos nos centros espíritas. Será que não temos que começar a propagar os valores espíritas na sociedade. Quer dizer, será que não temos que libertar a doutrina que anda presa nos centros e deixá-la avançar?

    A Doutrina Espírita é profunda e rica de conteúdos que nos possibilitam tais posicionamentos. Precisamos estudá-la mais e deixar de vê-la sob uma perpectiva reducionista.

    Quando Jesus se colocava contra os fariseus estava mostrando seu posicionamento politico. Ter um posicionamen to politico significa escolher um caminho. No caso do espiritismo só pode ser o caminho do bem.

    Agora, para concluir, não podemos confundir a política com a política partidária.

    Um grande abraço

    http://centroemovimento.blogspot.com

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