domingo, 9 de maio de 2010

INFLUÊNCIA POLÍTICA ESPÍRITA



Muita gente ainda acha estranho a relação que defendemos entre Espiritismo e política, considerando incompatíveis os dois assuntos, seja por descrença quanto à prática político-partidária, seja por temer uma manipulação interesseira, promovida por supostos “líderes” espíritas, no processo eleitoral, entre outros motivos.

No entanto, desejamos demonstrar que o modo de pensar espírita, que admite a reencarnação, a vida espiritual e sua relação com o mundo corpóreo, a lei de causa e efeito e a supremacia da moral cristã, contribui para disciplinar e orientar a conduta humana nos mais variados aspectos da vida, inclusive no relacionamento com o Estado e as instituições públicas.

Dessa forma, a prática dos adeptos do Espiritismo, como um movimento social livre e legítimo, pode interferir na conduta dos cidadãos e na dos nossos representantes políticos. O mais expressivo exemplo do que está sendo mencionado aqui é a Campanha Nacional Brasil Sem Aborto, da qual o Movimento Espírita participa aberta e intensamente.

Partindo de premissas filosófico-morais, como a da pré-existência dos espíritos, do planejamento reencarnatório e da solidariedade universal com vistas à evolução dos seres, os espíritas se posicionam de modo firme na recusa ao aborto, com exceção no caso de perigo de vida para a mãe*. Porém, o movimento espírita, juntamente com outras correntes de pensamento, não se limita a rejeitar a legalização do aborto, mas atua fortemente junto aos órgãos públicos e os representantes políticos para que este posicionamento seja um compromisso estatal.

Ao participar de abaixo-assinados, passeatas, manifestações públicas, debates em órgãos legislativos, audiências com representantes políticos, entre outras ações, os membros do Movimento Espírita agem como grupo de pressão política, com possibilidades de influir na elaboração de leis e de programas administrativos.

Dessa maneira, o Movimento Espírita, através de entidades como a Federação Espírita Brasileira e a Associação Médico Espírita, se contrapõe ao pensamento de vários grupos que apóiam o aborto. Esta oposição se dá, apenas, no campo das idéias, como fazia Kardec, de forma pacífica e não passiva. O grupo que apresentar os melhores argumentos, que possuir maior alcance social e, inclusive, trabalhar pela eleição dos representantes de suas idéias, obterá, junto ao Estado, os resultados almejados.

Fica claro, assim, que o Espiritismo pode interferir positivamente nas escolhas políticas dos espíritas, que devem ser coerentes com a doutrina que professam. A campanha pela rejeição ao aborto é uma etapa. Muito há que ser trabalhado, em parceria com outros movimentos sociais, filosóficos, religiosos, científicos, em defesa da vida, do meio-ambiente, da tolerância entre as culturas, da melhoria da educação e de tudo o mais que puder tornar o nosso mundo e o nosso país um lugar melhor.



OBS.: Para aprofundar este tema, pode ser consultada a obra ESPIRITISMO E FORMAÇÃO POLÍTICA, de Paulo R. Santos. Agradeço ao Raul Ventura por ter me presenteado com o texto.

* Questão 359 de O Livro dos Espíritos

2 comentários:

  1. Excelente idéia, a sugestão de livros sobre o tema. Já anotei. Obeigada.
    Jane Chantre - Nilópolis - RJ

    ResponderExcluir
  2. Qerido amigo e irmão de ideal Marko Galleno.
    Somos de minas gerais, espíritas, eu, meu esposo e filhas. Meu esposo é candidato a prefeito de nossa cidade, um município pequeno. Fomos levados pelo povo humilde a participar da politica. é nossa primeira experiencia. Queremos parabeniza-lo pelo site e dizer-lhe que muito nos tem ajudado nas reflexões necessarias para a grande transformação que todos e cada um precisamos fazer, no ambito individual e como consequencia no coletivo. Desejamos que Jesus continue inspirando as nossas ações. Que o senhor de bençãos nos abençoe hoje e sempre.
    Fraternalmente
    M. Lima

    ResponderExcluir

Sua contribuição será muito bem vinda. Obrigado por participar. Que o Mestre Jesus nos ilumine.