A idéia surgiu no século XIX, como uma tentativa de denegrir a imagem da Doutrina Espírita, apresentada em um relatório ao senado francês. Como tudo que envolvia o Espiritismo, gerou ampla repercussão. O assunto foi tratado nas edições da Revista Espírita de julho e agosto de 1868, quando mais uma vez se viu uma tentativa de macular a Doutrina Espírita contribuir para uma maior aceitação de seus postulados.
Kardec não rejeitou, de todo, a idéia, pois entendeu que a concepção de partido nem sempre está relacionada com luta e divisão, podendo ser entendida como a força de uma opinião que merece ser examinada. O codificador, então, deixou claro que o Espiritismo tem capacidade de emitir “pontos de vista” respeitáveis quanto aos fatos que interferem na vida humana, inclusive na vida pública.
Em diálogo com alguns companheiros espíritas, pude perceber, em algumas ocasiões, uma completa rejeição no relacionamento entre o Espiritismo e os fatos da política, quanto mais a um partido político. De fato, a doutrina consoladora é inconciliável com práticas abusivas, egoístas, interesseiras, tão comuns na vivência política. Mas é justamente por isso que sua influência deve se tornar mais forte, para estimular a solidariedade, a tolerância, a cooperação, o respeito às diferenças, o desejo por justiça e a busca pela paz social, ou seja, para estimular o relacionamento amoroso entre os membros da sociedade.
O escritor cearence Luiz Gonzaga Pinheiro, no livro Espiritismo e Justiça Social, defende a criação de um partido espírita, como uma das muitas formas de os espíritas atuarem intensamente na busca de condições sociais mais dignas para todos os membros da comunidade e como uma maneira de repudiar os abusos da politicalha interesseira.
Concordando ou não com esta proposta, fica claro que o Espiritismo tem amplas possibilidades de influenciar de maneira positiva as instituições sociais, reforçando os ideais cristãos e esclarecendo quanto às conseqüências de nossas ações. Lembremos Kardec (ESE, cap. XI, 4).: “quando os homens as tomarem por normas de sua conduta (o amor e a caridade) e por base de suas instituições(...) farão reinar entre eles a paz e a justiça”.